Os migrantes estão no coração do Papa porque desde sempre estiveram no coração de Deus. Mais do que um “tema”, são uma “realidade”, que tem por advogada a própria Escritura. “A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria”. Levando consigo o maior tesouro do mundo, Jesus e Maria, nem por isso foi poupado das violências do seu tempo. Com São José, o itinerante de Deus, “devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua mãe”.
Penso agora na representação de Nossa Senhora do Desterro, com a imagem de José, o guia discreto, ao lado de Maria, grávida do Salvador, sentada sobre o jumentinho na travessia para Belém. Depois do nascimento, alternaram-se sonhos proféticos e êxodos na vida de José e da sua família, como na vida de jovens esposos que, não por ambição mas por direito, só querem ver o filho crescer em paz. O compromisso com as famílias migrantes – aliás, com todas as famílias que sofrem – envolve a comunidade cristã por inteiro, esta que, por sua vez, é a família de Deus peregrina neste mundo.