A paternidade de José, tema central na Carta, é projetada na vida de Jesus como “a sombra na terra do Pai celeste”. No sentido espiritual, todos os cristãos são chamados a esta vocação: estender pelo mundo a presença de Deus, identificando-nos com o Filho que é a sua perfeita revelação. No sentido moral, a resposta livre de José traduz-se numa provocação: “o mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição”.
Em família, “ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir”. Ao mesmo tempo, significa conservar a beleza do amor, isto é, viver a castidade matrimonial e espiritual. “Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. (…) O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida”. Se nas famílias o amor de Maria (nas esposas) encontrar o amor de José (nos maridos), os filhos crescerão no amor obediente de Jesus. Com efeito, “não se nasce pai, torna-se tal… E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele”. Toda a responsabilidade nasce do amor.